sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Minhas queridas




























"Eu gostaria de ter um aparelho matemático que pudesse ir marcando com absoluta justeza o momento em que eu progredi um milímetro ou regredi outro."  
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e foi assim
entre uma atividade e outra
que resolvi passar meu tempo na Livraria Leitura
passar não
ganhar um belo presente que foi muito além do tempo  :)
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"Parece mentira, mas preciso muito de estímulo, de certa espécie de estímulo que me tire de vez em quando a ideia de inferioridade e de impotência." 
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sentei no sofá e comecei a analisar os títulos
e no meio daquelas estantes cheias de histórias e palavras
um deles chamou minha atenção
"Minhas queridas" era o seu nome
achei tão a minha cara
que cheia de curiosidade retirei o livro da prateleira
e para minha surpresa
sua autora era a fascinante Clarice Lispector :)
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"Escrevam, por favor, por favor, por favor, por favor." 
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como se estivesse abrindo um tesouro
comecei a ler aquelas cartas
que de uma maneira simples e cativante Clarice escreveu para suas irmãs
quando morou fora do Brasil
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"... Quem faz arte sofre como os outros só que tem um meio de expressão."
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um lado humano
que nunca imaginei
uma fragilidade tocante
apaixonante
onde me identifiquei e me encantei muito
muito mesmo :)
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"Vida nova; É preciso ter muita coragem para ter vida nova." 
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lendo e viajando nas palavras e sentimentos daquela mulher
me vi ali
daquele jeito
escrevendo
cobrando
implorando carinho
mostrando minha alma
e uma imensa fragilidade diante da vida
simples assim :)
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“Tentarei por todos os meios – e que Deus me ajude nisso porque preciso – tentarei por todos os meios exigir menos amor e atenção dos outros, também exigir menos que as pessoas se deixem amar...” 
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tão moderna para sua época
incompreendida pela maioria
angustiada
solitária
amiga
companheira
tudo junto e misturado
uma bela história de vida
um amor verdadeiro que teve pelas letras, por suas irmãs, família e por seus filhos :)
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"Receio muito que vocês estejam me esquecendo..."
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muitas vezes tomei suas palavras e sentimentos como meus
alegrias e amarguras
em uma sintonia fina com a minha história
meus questionamentos
inseguranças e devaneios...

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"Farei o possível para não amar demais as pessoas, sobretudo por causa das pessoas. 
Às vezes o amor que se dá pesa, quase como responsabilidade na pessoa que o recebe. Eu tenho essa tendência geral para exagerar, e resolvi tentar não exigir dos outros senão o mínimo." 
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então fui procurar na net uma entrevista que ela concedeu em 1977
justamente no ano em que veio a falecer
e lá estava ela
sentada naquela cadeira
com sua voz marcante
um jeito sério
seco
sincero
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"e seja feliz, feliz, feliz, feliz, feliz, feliz, feliz!" 
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intrigante
tímida
deprimida
fumante
humana
uma bela dama
uma fascinante mulher :)
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"Vou bombardear vocês com fotos." 
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"Minhas queridas" chegou me abraçando
de um jeito revelador
mágico
cheio de sentimentos
tentando entender e aceitar
a vida como ela é
as vezes feliz e cheia de sonhos
e em outras
cheia de questionamentos mal resolvidos
.
"Você não imagina quanto eu sou infantil nisso: meu desejo mais obscuro era dar minha cabeça para alguém dirigir; que alguém me dissesse todos os dias: hoje faça isso, hoje corte isso, hoje aperfeiçoe isso, isto está bom, isto está ruim. Uma pessoa que quisesse 'tomar minha direção' seria bem vinda... Eu nunca sei se quero descansar porque estou realmente cansada, ou se quero descansar para 'desistir'."
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delícia de vida
que consegue nos presentear
no momento exato em que estamos preparados para o amadurecimento
e termino este post com sentimento difícil de assumir
mas claro e verdadeiro como as cartas de Clarice em "Minhas queridas" :)
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"Detesto pessoas que se parecem comigo".

beijos
claudinha
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ps. as frases são do livro "Minhas queridas" 
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2 comentários:

Cris disse...

Maravilhosas suas palavras, Claudinha! Muitas vezes é difícil encarar pessoas e situações, mas nada fora do seu próprio tempo... Bjs!

Wander disse...

Sinceramente, de todos os milhares de posts que escreveu, este foi, definitivamente, o mais verdadeiro e tocante de todos. Ser é realmente muito difícil. Acho que por isso até hoje ninguém conseguiu responder a pergunta de Shakespeare...
Parabéns de novo pelo excelente texto.