segunda-feira, 27 de setembro de 2010

o diário














segunda-feira nublada nas geraes

acho que não só nas minas
mas dentro de mim também...

a manhã de hoje
não teve trilha sonora
embora tivesse música...

ontem achei um caderno do papai
de 1945
um diário
onde ele escrevia suas angústias e temores
descrevia seus dias
que muitas vezes eram sofridos e cheios de medo

se não tivesse seu nome e sua letra naquelas páginas
afirmaria que eram meus aqueles sentimentos
aquelas palavras
aquela vida...














minha alma está cinza
no tom da minha calça e dos meus sapatos
num contraste gritante com minhas unhas
rosa chicletes
e a borboleta que depois de tanto tempo
consegui combinar
















meus olhos verdes
estão vermelhos
e a aparência está sendo
altamente ameaçada
pelo canal lacrimal
que abriu suas comportas
sem nenhum controle...

de onde vem essa maré
que está tentando me derrubar?

















meu anjo fez onze anos
e eu voltei no tempo
e doeu
e sofri
e me enchi de medo
com as lembranças
de quando mamãe se foi
dias depois de quando completei essa mesma idade

hoje estou triste com Deus
porque ele tirou mamãe tão cedo de perto de mim
fiquei sem duas mãos para segurar
sem dois braços para abraçar
sem ouvidos para me ouvir
sem boca para me dar beijos
conselhos
broncas
palavras de amor e carinho...

ontem de noite meu anjo ficou com medo
queria que sua vó o benzesse
ninguém mais servia
só a vó ana
que a meia-noite o acolheu prontamente
e Rezando junto
conseguiu acalmar a situação

só hoje fiquei sabendo desta história
pois vencida pelo cansaço apaguei
nem vi a angustia do meu filho
nem lhe dei colo
nem falei eu te amo
mas quando acordei
lá estava ele do meu ladinho
dormindo como um anjinho...

mesmo sem entender
porque a missão da minha mãe
terminou tão cedo
agradeci a Deus
por poder estar presente
na vida dos meus filhos

as mães e os pais
não deveriam ir embora tão cedo
isso devia constar do manual dos pais
com letras maiúsculas e em negrito
sem direito a contestação...

minhas lembranças
só aumentaram meus medos
e o tempo não conseguiu fechar
essa cratera que abriu no meu coração
há tantos anos atrás
mas que na minha memória
parecem ter acabado de acontecer...

sim
eu sobrevivi
mas cheia de medo
que hoje está latente
temendo por meus filhos
com medo de morrer
e deixa-los órfãos
como eu
aos onze anos de idade...

a morte é o destino de todos nós
mas que Deus me conceda a graça
de dar as mãos aos meus pequenos
até que eles amadureçam
e possam caminhar sozinhos
este é o meu pedido de hoje
que humildemente faço
ao meu bondoso Deus
amem.

ps.
as fotos do fds eu coloco aqui amanhã
pois estão cheias de boas histórias
e vale a pena registrar
hoje estou borocochô
mas amanhã
prometo ligar a pilha alcalina de novo
bjos
claudinha

Um comentário:

BEATRIZ disse...

Ânimo!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Beijinhos