segunda-feira, 26 de março de 2012

chá das cinco com Êdo Linhares



o chá das cinco de hoje
será servido em companhia de um menino muito querido
um dos corações mais generosos que eu conheço
um 'manteiga derretida' assumido
daqueles que se emocionam junto com a gente
e que carrega sempre uma palavra de carinho para nos acolher
ao meu ver são justamente essas qualidades
que o tornam tão diferente e especial :)
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Êdo é padrinho do meu anjo
ele e sua querida esposa foram os cupidos do meu casamento
e graças a este casal de amigos
ao destino
e ao Pai
consegui realizar meu maior sonho
de gerar a minha família :)
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então agora convido você a se sentar à mesa
junto com meu "cumpadre" para uma prosa cheia de nostalgia
que nos dá a oportunidade de resgatar a magia das cartas escritas a mão :)
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C a r t a s  e s c r i t a s  a  m ã o
                                                                 Êdo Linhares

“Pergunta da noite: Mamãe você já escreveu alguma carta feita a mão???”
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Quando li isto no Facebook da Mariana Pedras, formou-se uma tempestade em minha cabeça. Será o que ela respondeu à Ana Luiza? O que eu responderia se a Maria me fizesse a mesma pergunta? Quantas, qual o seu conteúdo e a quem enviei tantas cartas escritas a mão?

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Ah! As crianças de hoje precisam saber. Começando por aí: escrever era uma coisa, enviar era outra. Tínhamos que caminhar até os correios para comprar o selo, colar no envelope e enviar a carta, portanto, muitas se desatualizavam na gaveta, exigindo substituição.
Aprendi com minha mãe que deveria escrever sempre aos parentes e amigos. Quando eu era criança, na fazenda, não havia correios, havia amigos.

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- Estou indo para o Turvo (ou para Itabira), quer alguma coisa para lá?
- Ah, sim vou escrever uma carta e, se não for amolação, posso mandar um doce de cidra?

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Não se podia perder a oportunidade.

E lá ia uma missiva escrita a mão, com pedido de desculpas pelas mal traçadas linhas, pois não se podia atrasar o portador. Sim, o amigo que ia a cavalo, levando a carta era chamado de portador. Levava em envelope aberto, como mandava a boa educação. Fechar demonstrava falta de confiança.
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Depois, aos 9 ou 10 anos, fiz outro papel. Lia em voz alta as cartas do namorado da nossa
empregada e escrevia as respostas ditadas por ela. A probrezinha era analfabeta.

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Aos 12 anos, fui para o colégio interno. Foram 4 anos com 200 km e períodos de 6 meses
separado da família. Telefone? Não tínhamos. Cartas escritas a mão! Muitas, para matar  a saudade. Escrevia aos pais, aos irmãos, à avó, até para a vizinha, D. Idalina. E como era bom receber as respostas!

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Ah! Neste período correspondia com o irmão do meu professor, que era holandês, escrevendo cartas a mão em inglês. Chique demais. Claro que o professor revisava as cartas, para não ficar mal na fita. E me ajudava na tradução das respostas.

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Depois, adolescente e jovem, escrevi cartas para namoradas. Quantas e quão longas
declarações, com variações no tamanho da letra e palavras em maiúsculo, para mostrar a
grandeza do meu amor ou um momento de raiva!

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Hoje escrevo mais rápido, posso errar e alterar o texto sem deixar a mensagem rasurada, ou ter que reescrever toda a página. Tenho o corretor ortográfico para ajustar a grafia.
Mas ninguém vê a emoção que sinto ao escrever. Não tem frases inseridas nas entrelinhas,
faltam palavras escritas com força, rasgando o papel. Pior, nunca aparece uma gota de lágrima borrando a tinta.




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11 comentários:

Bel disse...

Nossa! Fantastico!!!!!! Eu escrevi foi muita carta tambem, faz falta. Parabens Edo pelo texto, amei!

Mary disse...

Adorei. Eu também escrevi muitas e muitas cartas. E mais ainda, esperei mais e mais respostas. A Claudinha é testemunha de quantas cartas escrevi quando estava na Praia do Forte....
E a minha resposta, Êdo, foi: sim, minha querida já escrevi MUITAS cartas à mão. Ela quis saber quando foi a primeira.... aí ferrou!!! Respondi que não lembrava muito bem. Mas com 9 anos, quando vim para BH, com certeza passei a ser mais e mais frequente nas cartas.... Beijos

Mary disse...

Ahhh, esqueci de dizer que gostei muito da história do portador!!!!

Wander disse...

Êdo, você além de tudo é um poeta! Gostei demais de ler seu texto.
E mesmo sendo um texto digital, você conseguiu transmitir o ar de saudosismo e romantismo que ele pedia. Gostei muito!
Abraço,
Wander

Tábata disse...

Que lindo, papix!
Devo dizer que tenho guardadas em caixas floridas e, principalmente, no coração, algumas cartinhas à mão recebidas do meu pai! Deve ser por isso que apesar de todos os recursos tecnológicos, quando escrevo para os meus filhos, faço questão de que seja à mão! Quero que eles conheçam a minha letra, ora apressada, ora cuidadosamente desenhada, e sempre cheias de afeto!

AL disse...

Simplesmente ame!

Beatriz disse...

Oh Êdo. Mesmo não sendo de Itabira me vi em suas cartas. Estava falando para a Claudinha que para a gente dar notícias a minha irmã que morava na França, tinha que ser através das cartas. Meu pai antes de morrer me fez prometer a ele que eu não ia deixar de escrever para ela para lhe dar as nossas notícias. E eu cumpri o melhor que pude, não com a frequência dele mas dei o melhor de mim. Bons tempos!!
Andamos meio saudosistas mas eu acho isso bom. Parabéns pelo texto. Amei!!!! Bjos

Anne disse...

Li e re-li várias vezes o seu texto. Realmente você tem o dom da escrita, pois a gente se transporta para o seu mundo quando lemos as suas histórias. Já recebi vários bilhetes seus, mas não me lembro de ter recebido uma carta entregue pelos CORREIOS. Realmente parece que isso ficou para trás em nossas vidas...não sei se isso é bom ou ruim, simplesmente é a mudança gerada pelos tempos moderno e sua tecnologia.

Eliana disse...

Êdo, como dá saudades.Morei em Manaus e lá recebia cartas da família e dos amigos, muitas delas guardadas até hoje. A singularidade das letras, dos papeis,envelopes, tudo isto acrescentava um sabor diferenciado à cada "missiva".
Cronica gostosa, poética e alegre.
Gostei muito.
Abraço,
Eliana

marilene. disse...

Amei,Êdo,a sua estória. A sua criatividade, a sua alma de poeta. Valeu..continue, assim.Leve e solto.abração.

marilene. disse...

Amei,Êdo,a sua estória. A sua criatividade, a sua alma de poeta. Valeu..continue, assim.Leve e solto.abração.